alimentar consciências | Paulo Estoura

Mais do que uma ideia POLÍTICA de manutenção de regras…é uma ideia humana de preservação de vidas e consciência cívica!! Não culpem qualquer governo ou ação !! De norte a sul do país o confinamento foi recebido com passeios ao ar livre numa apoteose de tenho de respirar…. porque em casa sinto o coração a palpitar a liberdade e um direito que me assiste, a economia no Algarve vai sofrer... e outros tantos blás !   Lá se foram as cantorias nas varandas de apoio ao médico que cuidava, ao doente que sofria e a todo aquele que um ente perdia.  Os portugueses tem sofrido muito, dizia alguém hoje. Tem sofrido sim…do ginásio que não vão,  da dança que não fazem, da festa que não participam, da cerveja que não bebem, do bar que não frequentam, do jogo que não assistem, dos caracóis que não comem, dos amigos que não encontram ou dos passeios de jogging que não fazem.    Não podemos ficar muito tempo isolados que fica tudo aparvalhado. É um sofrimento da treta. Uma heresia que ne

Comportamento alimentar | crónica de Vânia Mesquita Machado



Difícil é, por onde começar, quando o tema é comer.

Pelo princípio? 

Não existe.

 

Existem tantas formas de comer ou de não comer.

Começo por explicar que falo do hábito de ingerir alimentos e não de outras conotações que a palavra possa ter...

 

- Comer com os olhos - ter mais olhos que barriga.

- Comer por vício - para compensar tristezas

- Comer saudavelmente - o mais indicado, se não ultrapassar a fronteira do exagero, a ortorrexia

- Comer sustentavelmente - seja pela pegada ecológica, seja por motivos de consciência quanto à indústria alimentar relativamente à produção em massa que implica submeter os animais a sofrimento

-Comer para sobreviver - infelizmente  para grande parte da população mundial que vive em condições de miséria

-Comer o mínimo pela imagem - eufemismo para a anorexia

-E... Comer por prazer - fundamental.

 

Sempre gostei de comer.

Lembro-me bem de certos paladares de quando era criança,  o pão quente com manteiga até ficar de barriga cheia, o bolo acabado de fazer sábado à tarde pela minha mãe, a feijoada ou o cozido delícias também de fim de semana entre outros.

... Os temperos das minhas avós.

 

O chocolate é a hiperestesia do paladar, para mim.

 

Abertamente vos digo que apesar de gostar de comer, fui anorética, 

não na adolescência, quando todos julgam ser mais vulgar.

Não interessamos motivos.

A base é comum, começamos por querer emagrecer, e quando a força de vontade é muita, 

descontrola-se a noção da imagem corporal, porque se quer perder mais e mais peso.

 

Pesam-se alimentos.

Espalha-se comida no prato, quando em família ou entre amigos.

Contam-se calorias, todos os dias.

A meta é comer e pesar cada vez menos. 

Perde-se o apetite, totalmente. 

Comer passa a obrigação para manter os sinais vitais. 

E ,curiosamente, a energia é inesgotável.

Ultrapassei a doença, há anos, e agora olho para trás e não me reconheço.

Mas se ajudar alguém com o testemunho aqui fica.

 

Nem 8 nem 80, em tudo na vida.

 

Extremismos levam a atos irracionais, 

comer sustentavelmente com fundamentalismo também implicaria deixar de comer.

as plantas também são seres vivos, e existem tantos fatores nos bastidores da indústria alimentar que desconhecemos, mesmo no que julgamos ser de origem orgânica, que se seguirmos este caminho corremos o risco da obsessão.

 

Com peso e medida, em tudo na vida.

 

Infelizmente, não podemos resolver o problema da fome no mundo, podemos apenas ajudar.

 

Mas podemos olhar para o nosso comportamento alimentar, e compreender se algo está errado.

 

- Se o pacote de bolachas devorado no sofá é sinal de falta de um aconchego.

- Se conseguimos melhorar alguns hábitos alimentares, de forma a conciliar a promoção da saúde com a satisfação do paladar.

 

Criar novas rotinas alimentares e quebrá-las, de vez em quando.

Porque somos humanos, e o prazer de degustar é importante, não só por fazer bem à alma, mas porque por acréscimo faz aumentar as endorfinas que  estimulam o sistema imunitário.

 

Voltando a falar na primeira pessoa, através do mindfulness, aliado à curiosidade sobre alimentos saudáveis, fui redefinindo a minha forma de comer.

 

Quando como, penso no que estou a comer e como é boa a sensação nas papilas gustativas. 

Atenção plena pode e deve ser aplicada a todos os nossos sentidos...

É uma forma de reduzir a ansiedade , neste mundo onde por vezes circulamos em modo automático sem darmos conta. 

Por mim falo, dia-a-dia com ritmo frenético, tendência a estar sempre a planear o momento seguinte. 

Importa ter uma organização básica do tempo, mas a incerteza surge no virar da esquina, e reforçarmos os nossos mecanismos de coping para uma adequada saúde física e mental é essencial.

 

Parar e pensar. 

Parar até de pensar e olharmos para nós, no que estamos a ouvir, cheirar, tocar, observar, degustar. A base do mindfulness.

 

Não me alongo mais, porque a escrita é um dos meus ikigai, embora não tenha muito tempo livre.

 

Mas aproveitar bem o tempo é um segredo para bem viver.

Assim como reaprender a comer.

 

Atualmente, não me privo de “guilty pleasures”, a intercalar a minha base alimentar, e orgulho-me disso como ex-anorética.

 

Como chocolate preto todos os dias.

Adoro arroz malandro de feijão com petinga, uma boa francesinha, entre outros “guilty pleasures”.

 

Estamos sempre a tempo de mudar de vida, nas várias áreas da nossa vida.

E mudar a forma de nos alimentarmos traz benefícios enormes...

 

...Cada um pegue no seu guardanapo,

e escolha bem a sua rota.



@vaniamesquitamachado

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