alimentar consciências | Paulo Estoura

Mais do que uma ideia POLÍTICA de manutenção de regras…é uma ideia humana de preservação de vidas e consciência cívica!! Não culpem qualquer governo ou ação !! De norte a sul do país o confinamento foi recebido com passeios ao ar livre numa apoteose de tenho de respirar…. porque em casa sinto o coração a palpitar a liberdade e um direito que me assiste, a economia no Algarve vai sofrer... e outros tantos blás !   Lá se foram as cantorias nas varandas de apoio ao médico que cuidava, ao doente que sofria e a todo aquele que um ente perdia.  Os portugueses tem sofrido muito, dizia alguém hoje. Tem sofrido sim…do ginásio que não vão,  da dança que não fazem, da festa que não participam, da cerveja que não bebem, do bar que não frequentam, do jogo que não assistem, dos caracóis que não comem, dos amigos que não encontram ou dos passeios de jogging que não fazem.    Não podemos ficar muito tempo isolados que fica tudo aparvalhado. É um sofrimento da treta. Uma heresia que ne

Retornar à concha I Crónica de Isabel Pinto Oliveira



Retornar à concha


No final dos anos 60 o meu pai tinha em Setúbal um restaurante chamado “A Ostra”. Era uma coisa pró requintado, rolando pela sala um carrinho de hors d'oeuvre antes da refeição. Graciosamente, como entrada, chegava também à mesa uma ostra por comensal. Eram tempos fartos de viveiros na cidade - cerca de 4.000 pessoas dedicavam-se ao “cultivo” de ostra no rio Sado. Mas a produção ostrícola sofreu um acentuado declínio nos anos 70, sendo apontadas como causas a doença das brânquias (uma infecção bacteriológica), que na época afetou as ostras a nível europeu, e o desenvolvimento da indústria de construção naval, nomeadamente a poluição das águas com TBT (Tributil-Estanho) utilizado nas tintas. A ostra passou a ficar longe do prato, coisa de memória e tempos idos por muitos anos.

 A proibição do uso nas tintas de TBT e o tratamento de efluentes, muito mais tarde, resultou na recuperação da ostra no estuário, novos viveiros foram crescendo e a exportação foi relançada. As ostras são produzidas em antigas salinas, crescendo em água livre, durante aproximadamente dois anos, na maré, em ciclos diários de submersão, e à superfície, de forma alternada, trabalhadas manualmente.

Progressivamente nos restaurantes da cidade elas foram também sendo relançadas, criou-se uma “Semana da Ostra” (fim de setembro, princípio de outubro), mas, de facto, sair para “ir às ostras” é uma coisa recente. O culpado é o João Lopes, sobrinho de um produtor, estudante de Mestrado de Engenharia de Materiais, na altura com 23 anos, que há dois anos teve uma ideia simples mas altamente funcional – uma pequena rulote, concebida para o efeito, junto ao Sado.

Umas mesinhas dobráveis, música boa, menus de três ostras ao natural e bebida a preço convidativo, umas tábuas de queijo para desenjoar. E os fins de tarde por aqui nunca mais foram os mesmos. Da infância à madureza foi um salto. Voltar às ostras tem tempo dentro.


@isabelpintooliveira

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